sexta-feira, 9 de julho de 2010

Varejo farmacêutico continua na onda de fusões

A onda de fusões e aquisições parece ainda ter fôlego entre as redes de drogaria e farmácia, e não será surpresa se uma das maiores do ramo, a rede Pague Menos, que em 2009 foi a que mais faturou no segmento, se movimentar neste aspecto. A empresa já prospecta a abertura de capital em 2012, conforme enfatizou a diretora de Compras e Marketing da Pague Menos, Patriciana Rodrigues. "Somos constantemente assediados junto a fundos de investidores e outras instituições para fazermos a abertura de capital, e o nosso discurso é que isso faz parte, sim, de planos futuros. Mas iremos avaliar o melhor momento. Quem sabe em 2012?"A executiva da rede afirma terem adotado uma estratégia para concorrer no mercado. "Com a concorrência crescente, a única saída para o setor é ampliar o mix de vendas. Desta forma, obtêm-se margens de lucro que permitem inclusive praticar nos medicamentos preços abaixo do valor de tabela, mais compatíveis com o poder de compra", declarou Patriciana. Ano passado, a Pague Menos faturou R$ 1,9 bilhão. Em 2010 a previsão é de faturamento de R$ 2,2 bilhões.Declarada como a única empresa do varejo do segmento presente em todos os 26 estados do Brasil e no Distrito Federal, a Pague Menos atualmente tem mais de 380 pontos-de-venda estabelecidos em mais de 130 cidades. Sua maior concentração encontra-se no Ceará: 92 lojas.Não é só entre as líderes que o movimento de fusões e aquisições toma fôlego. Menores, como a rede Extrafarma, da família Lazera, de Belém do Pará, que abriu sua primeira farmácia em 1997, vai completar 135 lojas no final deste mês com a aquisição recente da Mega Farma que possui cinco pontos-de-venda no Amapá. Até o final deste mês, todas as lojas adquiridas devem envolver o portfólio da varejista, que prevê fechar o semestre com 135 lojas distribuídas nos Estados de Amapá, Ceará, Pará e Maranhão."Nosso foco são as Regiões Norte e Nordeste e os pontos-de-venda com estacionamento, e que estejam localizados nas ruas", enfatizou o coordenador técnico da Extrafarma, Salomão Kahwage. Quando questionado, o porta-voz não descartou a possibilidade de adquirir outra rede neste segundo semestre, localizada nas regiões em que atua.Drogaria São PauloOutro exemplo recente de movimentação no mercado aconteceu no mês passado, quando a Drogaria São Paulo anunciou a compra do Drogão retomando a posição de líder do setor, perdida antes para a cearense Pague Menos, em 2007. Com isso, a Drogaria São Paulo estima ter atingido uma receita média de R$ 2 bilhões. A expectativa em 2010 é chegar a R$ 2,5 bilhões.Quem seguiu o mesmo caminho foi a rede carioca Pacheco, que no ano passado adquiriu a também carioca Drogarias Descontão e fechou o ano de 2009 como a quarta maior rede de farmácia em faturamento no País, atrás apenas de Pague Menos, Drogasil e Drogaria São Paulo, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Procurada, a rede Pacheco não se pronunciou. Quem também concorda com a onda de fusões e aquisições é Marco Quintão, diretor de Relações Institucionais do Grupo Racine, especializado no desenvolvimento profissional e empresarial nas áreas da saúde em geral."O crescimento das redes transformou este mercado em negócio atraente aos fundos de investimento nacionais e internacionais. As fusões e aquisições devem continuar."Em uma análise do setor, a executiva da Pague Menos, Patriciana Rodrigues, entende que ir às compras é algo forte entre as redes, de olho em crescimento regional. "Com a aquisição do Drogão pela Drogaria São Paulo, percebemos que haverá uma maior concentração de poder da Drogaria SP no mercado paulista, mercado aguerrido onde já há várias outras grandes redes: Drogasil, Raia e Onofre, dentre outras. O movimento da Drogaria SP é parecido com o que aconteceu num passado recente, no Rio de Janeiro, com a compra da Descontão pela Pacheco."O presidente da Abrafarma, Sérgio Barreto, segue a mesma linha de raciocínio. "O processo de fusões e aquisições entre redes de farmácia é um processo que já vem vindo faz cerca de quatro anos, porém que obtém um fortalecimento maior em 2010, depois do ano de crise que também não impactou o segmento."ContramãoA rede Drogasil que está entre as três maiores em faturamento, com mais de R$ 1,5 bilhão no ano anterior, mantém como estratégia de crescimento a busca pela expansão orgânica, e com este posicionamento pode tornar-se alvo de aquisição de redes ligadas ao setor. No primeiro semestre deste ano, a Drogasil abriu 17 lojas, e no primeiro trimestre de 2010 o lucro líquido alcançado ultrapassou a casa dos R$ 16 milhões, crescimento de 15,6% em relação a igual período de 2009, segundo o instituto IMS Health.As lojas em maturação, entre um e três anos de funcionamento (75 lojas no primeiro trimestre de 2010), apresentaram um crescimento de 47,1%.De acordo com o CEO e Diretor de Relações com Investidores da Drogasil, Claudio Roberto Ely, o bom desempenho apresentado no primeiro trimestre do ano é fruto de um trabalho constante."Neste primeiro trimestre, mais uma vez apresentamos desempenho de vendas superior ao do mercado de medicamentos e não-medicamentos em nível nacional", ressalta Ely. Há 75 anos no mercado, a rede tem 302 lojas abertas no Brasil, e abriu 35 pontos-de-venda nos últimos três anos.
Fonte: DCI

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