quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Lei Seca para medicamentos psicotrópicos é considerada discriminatória

A proposta de criação do selo “proibido dirigir” para medicamentos psicotrópicos está causando apreensão em usuários da medicação e médicos por considerarem a medida discriminatória. O psiquiatra Luiz Fernando Pedroso, do Espaço Holos, vai mais longe ao afirmar que o que produz acidentes não são medicações e bebidas, mas a irresponsabilidade e a própria loucura das pessoas. Esta proposta do Ministério das Cidades, apresentada pelo ministro Márcio Fortes, ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), às Câmaras Técnicas e ao Comitê de Saúde e Segurança no Trânsito será apresentada ainda esta semana à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Para Cardoso, é uma discriminação porque atrapalha o tratamento das pessoas que tomam a medicação para voltar à vida normal, pois só com os remédios é que a pessoa vai ficar boa. O médico enfatiza que a falta de limites do ser humano é a grande causa de acidentes de trânsito. “Se você estiver com todas as condições ótimas e passar deste limite, se alterar, é lógico que vai se acidentar”, explicou o psiquiatra, complementando que uma pessoa doente pode tomar uma atitude de risco, mas se estiver em tratamento isto não ocorrerá. O médico disse que o tratamento com psicotrópicos é seguro, pois o efeito de calmantes, por exemplo, depende da dose e, mesmo que reduza os reflexos, a pessoa fica consciente e equilibrada - o que a torna apta para dirigir bem. O psiquiatra não aceita a proposta de lei seca porque vai prejudicar muitos pacientes que nunca se acidentaram e que só através dos remédios conseguem levar uma vida normal. “O remédio não é o problema, é a solução. 95% dos meus pacientes estão no mercado de trabalho em várias áreas distintas e nunca provocaram acidentes”, enfatizou. O depoimento do profissional liberal João Santos é o exemplo disto. Ele relata que tinha ausência (doença em que, por instantes, a pessoa perde a memória) quando criança, mas fez uma cirurgia na cabeça na Alemanha, pois na época o tratamento não existia no Brasil e, desde então, tem que tomar remédio diariamente. Hoje, ele é um profissional conceituado, lida com inúmeras pessoas que dependem dele para o êxito do trabalho que realizam e confessa que não se imagina sem dirigir o seu carro de casa para o trabalho. "Nunca me acidentei nem provoquei acidentes. Ensinei meus filhos a dirigir, e nunca passamos dos limites. Acho esta medida discriminatória e deve ser reavaliada, afinal de contas somos cidadãos pagadores de impostos e não podemos ser tratados como moleques irresponsáveis", desabafou.Fonte: Tribuna da Bahia

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