Relatório anual publicado ontem pela Jife (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes), órgão das Nações Unidas, mostra que o Brasil continua com um título no mínimo preocupante: o de maior consumidor de remédios para emagrecimento do mundo.
O uso dos chamados anorexígenos --substâncias como fentermina, fenproporex, anfepramona e fendimetrazina-- vem crescendo no Brasil há ao menos três anos, de acordo com o relatório da ONU, apesar dos sérios efeitos colaterais que podem ser causados (como insônia, irritabilidade, alteração da freqüência cardíaca e até dependência).
A participação de médicos nesse quadro é decisiva, segundo os próprio profissionais da saúde. Para o endocrinologista Antonio Chacra, chefe da disciplina da Unifesp (Universidade Federal Paulista), muitos de seus colegas receitam os anorexígenos apenas pela demanda do paciente. "Há muito abuso. O médico acaba prescrevendo o que o paciente quer. Se ele [paciente] não quisesse, não haveria prescrição", afirma. Em 2006 e 2007, os brasileiros também encabeçaram o ranking.
Apesar de ter sido alertado pela Jife desde 2003, o Brasil está ao lado de países como Argentina, Estados Unidos e Coréia do Norte, na contramão da tendência européia e da Oceania de queda no uso desses medicamentos. Segundo o órgão, o uso per capita destes medicamentos no Brasil chega a ser até o triplo do das demais regiões. "E nem por isso debelamos a obesidade", afirma Chacra.
"A Junta reitera o chamado para que os governos dos países em que há registros elevados de consumo de estimulantes vigiem a tendência do consumo das substâncias, determinem possíveis exageros em medicação de anorexígenos, cerceiem e controlem bem os canais internos de distribuição", recomenda o órgão no relatório.
Segundo o presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o abuso das anfetaminas está ligado sobretudo a questões estéticas. "Existem pessoas que não têm obesidade, tem problema estético; pessoas que têm 55 kg e tomam [anorexígenos] para perder dois quilos", diz Mancini. Para o médico, quem usa o remédio sem necessidade está mais sujeito aos efeitos colaterais.
Controle
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão responsável pela fiscalização dos medicamentos, afirma que o alto consumo de remédios deste tipo está associado à procura por tratamentos milagrosos para emagrecimento e defende uma mudança de atitudes dos médicos, diminuindo o número de receitas.
A agência afirma que o abuso no uso dos remédios deve cair no ano que vem por causa da implantação do SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamnto de Produtos Controlados), pelo qual os pontos de venda têm que informar o órgão pelo menos uma vez por semana sobre as vendas de remédios de uso restrito.
A Jife demonstrou também preocupação em relação aos remédios vendidos ilegalmente pela internet. A Anvisa informa que estabeleceu um convênio com a Polícia Federal para localização e fechamento dos sites brasileiros que vendam os anorexígenos. Em janeiro, os órgãos encontraram um laboratório em Piracicaba (160 km a noroeste de São Paulo) que produzia ilegalmente para emagrecimento. Fonte: Folha de SP
quarta-feira, 5 de março de 2008
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