quarta-feira, 26 de março de 2008

Repelentes estão em falta nas farmácias. Cariocas fazem peregrinação atrás do produto para se proteger da dengue

Rio - O medo de contrair o vírus da dengue fez crescer a procura por repelentes de insetos em farmácias do Rio. No Centro e nas zonas Sul, Norte e Oeste, cariocas têm tido dificuldade para comprar o produto, recomendado para evitar a picada do mosquito transmissor da doença, o Aedes Aegypti. Ontem, frascos de repelentes já não eram mais encontrados nas prateleiras das principais farmácias da cidade.
A escassez preocupa o consultor de vendas Leandro Monteiro, 31 anos. À tarde, ele procurou repelente em mais de dez farmácias de Copacabana, mas voltou para casa com as mãos vazias. “Estou andando na Nossa Senhora de Copacabana há horas, mas só tenho a informação de que o produto esgotou. Meu filho de 5 anos nunca teve dengue. Estou preocupado com a saúde dele. Por isso quero prevenir a doença”, contou Leandro, que mora em Santa Tereza.
O presidente da Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Carlos Caspary Marins, admite que as farmácias não estavam preparadas para dar conta do aumento da procura por repelentes. “Os reabastecimentos dos estoques serão feitos, mas isso leva tempo. As farmácias não estavam preparadas para enfrentar os problemas causados pela epidemia. A reposição do produto já está sendo feita”, garante Luiz Carlos.
O desespero é tanto, que há quem tente fazer encomendas. “O dia inteiro aparece gente procurando repelente. Tem quem quer até encomendar. Infelizmente não podemos ajudar, pois não há nem no estoque geral da rede, e nem há previsão de quando o produto será reposto”, contou Valcyr Suzano de Almeida, gerente da Droga Raia do Leblon.
Já na City Farma, na Rua Haddock Lobo, Tijuca, funcionários colocaram na frente da loja aviso por escrito sobre a falta de repelente. Lá, o produto está esgotado desde sexta-feira. Só na manhã de ontem, mais de 20 pessoas já haviam procurado o produto na farmácia.
Consumidor leva o que encontra
Com medo da epidemia de dengue, quem tem a sorte de encontrar repelentes nas prateleiras das farmácias leva para casa mais de um frasco do produto. “Os consumidores não querem saber qual é a marca e o tipo de repelente. Não importa se é spray ou loção. Eles compram o que tem. Levam mais de um. Teve um senhor que comprou cinco frascos”, revela Meirelle Savignon, gerente da Drogaria Pacheco da Rua Sete de Setembro, no Centro do Rio.
A atitude desesperadora é a mesma observada por funcionários da Drogaria Marco 11, na Rua Felipe Cardoso, no Centro de Santa Cruz. “Ontem (segunda-feira), um homem levou seis frascos. O produto chega e acaba rápido. Tenho vontade de ir para porta com uma placa, avisando que acabou o repelente. É muita gente procurando”, contou Sulamita da Silva Brás, 32.A procura também é grande na Drogaria Raia, na Rua da Assembléia, no Centro do Rio. Em menos de quatro horas 20 frascos de repelentes foram vendidos na manhã de ontem. “Todo dia tem reposição do produto, mas acaba muito rápido. Já aumentaram a quantidade de entrega, mas não dá vazão”, contou a gerente Paula Cristina do Nascimento.
RECAÍDA PERIGOSA, COMO PASSAR REPELENTE E OUTRAS DICAS
Pesquisadores da Fiocruz fizeram alerta ontem. Segundo eles, a epidemia de dengue no Rio é a “mais séria” já enfrentada pelo Estado. “Não pelo número de mortes, mas porque é um marcador do que ainda pode vir”, explica o epidemiologista Paulo Sabroza. Os especialistas disseram que já era esperado que o tipo 2 do vírus atacasse o Rio, atingindo principalmente crianças, por estar longe do estado há cerca de cinco anos. “O vírus encontrou crianças e jovens que não tinham anticorpos”, explica Hermann Schatzmayer.
Entre considerações sobre o despreparo da rede de saúde e sobre a baixa cobertura do Programa de Saúde da Família, os pesquisadores esclareceram dúvidas comuns entre a população e deram dicas sobre a doença.RECAÍDASDe acordo com a infectologista Patrícia Brasil, é importante que pacientes e pais de crianças infectadas fiquem atentos aos primeiros dias depois que a febre acabe, o que geralmente acontece por volta do 3º ao 5º dia da infecção. É imprescindível que se continue o acompanhamento médico. “Sintomas como tonteira, agitação, sonolência, falta de ar, dor na barriga e sangramentos, mesmo na dengue clássica, podem voltar”, explica. DIAGNÓSTICOMédicos e pacientes devem ficar atentos não só à contagem de hematócritos e de plaquetas, mas também ao conjunto de sintomas.REPELENTEO repelente pode, de fato, proteger contra a dengue, mas se aplicado de forma correta e respeitando os prazos corretos de reaplicação. Basta uma área no seu braço, por exemplo, sem repelente, mesmo perto de uma protegida, para o mosquito conseguir dar a picada. VACINAUma equipe da Biomanguinhos estuda uma imunização. O objetivo é conseguir vacina que proteja contra os quatro tipos da dengue. A solução, no entanto, ainda vai demorar: o resultado deve levar ainda de 5 a 10 anos.
MEIA BRANCAO mosquito da dengue é atraído por movimento, ácido lático (suor e “chulé”), escuridão e até objetos mais escuros. Meias brancas nos pés são boas para mantê-lo afastado. Fonte: O Dia

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