quinta-feira, 17 de abril de 2008

Manipulados mais baratos que genéricos

Semana passada, entrou em vigor o novo reajuste dos remédios genéricos autorizado pela Anvisa de até 4,61% para 24 mil medicamentos. Sendo assim, a comparação de preços entre genéricos e manipulados volta à pauta: a diferença pode chegar até a 80% em medicamentos contra pressão alta e depressão, por exemplo.
Comprar medicamentos manipulados, ou seja, prescritos pelo médico e preparados para cada caso, já é considerada uma boa saída para não sofrer com o aumento nos preços dos remédios. Dr. Alessandro Loiola, colunista da BR Press, assina embaico. "Os laboratórios conseguem lucros astronômicos não só os laboratórios, mas todos os envolvidos na cadeia de desenvolvimento & venda de medicamentos", diz ele.
"Para se ter uma idéia: os hospitais compram medicamentos no atacado. Estes medicamentos são fornecidos por distribuidoras especializadas e só podem ser utilizados em ambiente hospitalar, mesmo no caso de remédios simples como AAS, captopril, amoxicilina, etc", explica Dr. Alessandro. "Estes remédios são vendidos aos hospitais por um preço 5, 10, às vezes até 20 vezes mais barato que o mesmo princípio ativo encontrado nas farmácias".
"Vale a pena pesquisar porque a diferença em algumas classes de medicamentos, como os anti-hipertensivos, pode superar 80% entre o manipulado e o genérico", alerta João Roberto Guimarães, farmacêutico industrial da Pharmapele Farmácia de Manipulação. As classes com maior diferença de preços são analgésicos, anti-hipertensivos, anti-depressivos e medicamentos para o estômago (anti-ulcerosos).
No caso da substância anlodipino (anti-hipertensivo), o preço de uma caixa com 20 comprimidos (10 miligramas) do remédio manipulado é, em média, R$ 15,60 contra R$ 29,07, do mesmo medicamento genérico, e R$ 72,00 do produto de marca. Já a fluoxetina (usada também no combate à Tensão Pré-Menstrual) é vendida a R$ 15,60 (28 cápsulas) contra R$ 39,00 do mesmo produto genérico, em média. O mesmo medicamento de marca custa R$ 98,00.
Impostos
O medicamento manipulado é feito com a mesma substância ativa do remédio de marca. A diferença está no fato de que esse produto é desenvolvido na farmácia e não em escala industrial. "A diferença está na cascata de impostos, que é mais branda que aquela que incide sobre o consumidor no balcão da farmácia", ressalta Dr. Alessandro Loiola.
"Além de reduzir impostos e cobrar margens de lucro mais estreitas, o governo poderia ainda implementar para valer a venda de remédios fracionados", sugere o médico. "Por exemplo: o médico prescreve 06 comprimidos de antibiótico, mas o remédio só é vendido em embalagens de 10 comprimidos".
Resultado: o consumidor termina levando 4 comprimidos a mais à toa. Paga pelo que não foi receitado e não deverá ser utilizado. "Isso aumenta o armazenamento domiciliar de medicações de uso específico (com risco de intoxicações em crianças e idosos), além de aumentar os índices de auto-medicação e efeitos adversos o uso indiscriminado de antibióticos resulta em bactérias mais resistentes e infecções potencialmente mais graves", acredita Dr. Loiola.
De acordo com dados da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), o mercado de farmácias de manipulação vem crescendo consideravelmente no país. Em 1998, havia 2100 farmácias no país. Atualmente, já são 5500 farmácias de manipulação, 12 mil lojas, gerando 70 mil empregos. "O consumidor deve ficar atento e só comprar medicamentos em farmácias que possuem um farmacêutico responsável", alerta Guimarães.
Manual do Consumidor da Farmácia de Manipulação
Pensando no consumidor, a Anfarmag criou também o Manual do Consumidor da Farmácia de Manipulação com dicas para que o público leigo saiba como garantir a qualidade do produto comprado nas farmácias de manipulação e também como checar os rótulos desses remédios e sempre garantir a qualidade de seu medicamento.
Veja algumas dicas do manual:
- Exija bom atendimento e, se necessário, solicite um farmacêutico;
- Evite comprar remédios manipulados em consultórios e clínicas de estética, spas ou academias, certifique-se de que a farmácia possui um farmacêutico responsável;
- Confira o rótulo do medicamento com a receita para saber se está tomando o remédio correto;
No caso dos medicamentos controlados, veja se o rótulo vem com as tarjas necessárias (branca, vermelha e preta). (BR Press)

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