quarta-feira, 28 de maio de 2008

Cosméticos orgânicos sem concorrentes

Uma empresária percebeu o interesse do consumidor por produtos naturais, e saiu na frente. Geysa Belém lançou uma linha de cosméticos só com ingredientes orgânicos - produzidos sem o uso de produtos químicos. São xampus, cremes, sabonetes, hidratantes, entre outros. A matéria-prima vem da Amazônia.
“Manteiga de cupuaçu, que é super hidratante, o óleo de andiroba, que é muito utilizado como cicatrizante pelos índios, temos castanha do Brasil, o Brasil Nut, que é um produto de grande poder hidratante. A nossa Amazônia é riquíssima em produtos, em ingredientes, que vão fazer um diferencial para o consumidor”, conta a empresária Geysa Belém.
A fábrica existe desde 1994. Em 2004, a empresária apostou na linha com ingredientes orgânicos. Desde então, as vendas aumentam 30% todo ano. Hoje, a produção é de 20 mil unidades de cosméticos por mês.
A empresária desenvolve os cosméticos num laboratório. É a parte mais difícil. Ela demora dois anos para lançar uma linha de produtos. E chega a fazer 50 amostras de cada item, até chegar à fórmula certa.
Geysa é engenheira química e cuida pessoalmente dos testes. Em cada formulação, vão 14 itens. Lá, o desafio é fazer os produtos só com ingredientes naturais.
“A quantidade de ingredientes orgânicos certificados é muito limitada, então nós temos que trabalhar com o que existe hoje no mercado. Não temos referência em termos de conservantes naturais, estamos usando isso pela primeira vez. Então toda a parte de pesquisa está sendo desenvolvida por nós”, conta Geysa.
Veja como montar uma empresa de cosméticos orgânicos. O investimento é de R$ 80 mil. Equipamentos necessários: tanque de fabricação, misturadora e envasadora. É preciso contratar um técnico para desenvolver os produtos. Segundo a empresária, boa parte do dinheiro é gasto em viagens, porque é essencial fazer muita pesquisa.
“Eu viajo duas vezes por ano para a Região Amazônica, para estar em contato com as comunidades locais, buscando inovações, matérias-primas novas. E também temos que viajar para exterior, participar de feiras internacionais, para buscar novidades, lançamentos, ver o que está acontecendo com o mercado lá fora para poder acompanhar essas tendências mundiais”, diz Geysa.
Outro cuidado é com as embalagens. Elas representam 30% do custo do produto. Mas, segundo a empresária, vale a pena investir na aparência porque ajuda a vender.
Ela usa fotos dos ingredientes nos frascos, peneiras de palha de palmeiras da Amazônia, e cuicas com grafismo indígena feitas pelas comunidades ribeirinhas.
“Tem que investir em embalagem porque é a primeira coisa que chama a atenção do nosso produto para o consumidor. Então ele se identifica com aquele tipo de conceito amazônico onde vê aquela fruta na etiqueta de um xampu ou loção, e ele já se imagina utilizando um produto que veio da floresta”, acredita Geysa.
Outros empresários também viram uma oportunidade nos cosméticos orgânicos. Adriana Mendes e Edgar Ribeiro fabricam 38 itens, entre xampus, condicionadores e hidratantes. Eles também são feitos com ingredientes da Floresta Amazônica, como babaçu, cupuaçu e castanha do pará. Os empresários terceirizam toda a produção numa fábrica.
“Assim a gente tem tempo para desenvolver produtos, participar de feiras, se preocupar com o marketing”, diz a empresária Adriana Mendes.
Os empresários adotaram uma ação de marketing para tornar o produto mais atraente e vender mais. Eles mantêm uma linha natural, mas também usam corantes e aromatizantes artificiais em alguns produtos.
“É muito importante que ele sabia que ele está levando um produto que não é 100% orgânico, mas na composição ele encontra outros atrativos”, avisa Adriana.
Os ingredientes orgânicos são difíceis de encontrar, e elevam o preço dos cosméticos em 30% com relação ao produto tradicional. Por isso, os cosméticos são direcionados para o público de bom poder aquisitivo. Hoje a empresa produz 5 mil unidades por mês. Segundo o consultor Nilson Hashizumi, a grande promessa desse mercado é a exportação.
Os cosméticos orgânicos com ingredientes da Amazônia enchem os olhos do estrangeiro.
“Além de ter os preceitos naturais, eles têm um apelo claro de saúde, de produtos saudáveis. E por isso é que fica tão mais fácil, se bem trabalhado, fazer com que os cosméticos que têm ingredientes amazônicos e sejam produzidos de forma orgânica sejam tão bem sucedidos no futuro”, aponta o consultor Nilson Hashizumi.
O mercado externo também é muito exigente. Os empresários Edgar e Adriana sabem disso. Rótulos na língua do país, qualidade do produto e pontualidade na entrega são requisitos básicos. Os importadores europeus, por exemplo, exigem que uma porcentagem das vendas revertam para o meio ambiente. Mas, depois de conquistado, o potencial de mercado é grande.
Hoje, 20 % das vendas da empresa vão para a Europa, Estados Unidos e Oriente Médio. A previsão é triplicar as exportações até o final deste ano.
“A gente participa de feiras e as pessoas já ficam encantadas com os produtos brasileiros que a gente tem e ainda mais com essa novidade de ter produtos orgânicos", conta a empresária.
"Na medida em que o empresário souber utilizar bem, fazer um posicionamento adequado, mostrar que você entrega muito mais valor do que retira da natureza, você, necessariamente, vai ter a possibilidade de alcançar o sucesso tão desejado para o seu produto, para a sua linha de produtos”, aponta Nilson.
E a Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios que está nas bancas traz uma reportagem especial sobre negócios orgânicos. Para mais informações acesse www.empresas.globo.com

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