terça-feira, 6 de maio de 2008

Medicamentos modernos já chegam ao consumidor

Representante de um novo rol de medicações modernas, os chamados remédios combinados são medicamentos que associam em uma única pílula dois ou mais princípios ativos. Um dos exemplos é o Caduet, da Pfizer. Além de ajudar no controle do colesterol, devido à ação do composto ativo atorvastina, ele funciona como anti-hipertensivo. Aumentar o conforto do paciente também é um alvo cada vez mais perseguido. Para isso, buscam-se novas formas de apresentação, como a do Trimedal Tosse. Trata-se do primeiro no Brasil no formato de fitas finíssimas que dissolvem instantaneamente na boca. Segundo a Novartis, fabricante da novidade, cada filme contém a dose exata do medicamento, dispensando medidor. Além disso, pode ser ingerido a qualquer hora e em qualquer lugar e tem ação rápida, até 15 minutos depois da ingestão já se observa o alívio da tosse, de acordo com o laboratório. Muito se tem pesquisado ainda para a criação de drogas que apresentem sistemas de liberação diferenciados, permitindo a ingestão de menos doses e o controle contínuo da doença. Uma das áreas em que essas características são mais desejadas é a da saúde mental. Em muitos casos, os pacientes não têm condições de tomar corretamente os remédios, o que pode atrapalhar no controle dos sintomas. Por isso, quanto mais durar o efeito da medicação, melhor. A novidade nesta área é o Invega, da Janssen- Cilag, indicado contra a esquizofrenia. O medicamento tem liberação prolongada, o que possibilita sua concentração constante em um período de 24 horas. Dessa forma, há mínimas variações de picos ou quedas nos níveis das substâncias ativas no sangue. “Além disso, ele não é metabolizado pelo fígado. É excretado praticamente inalterado pelos rins. Por isso, tem potencial reduzido para causar alguma interação medicamentosa”, afirma o psiquiatra Mário Louzã, coordenador do Projeto Esquizofrenia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Nesse gênero, está em estudo o Spheramine, do laboratório Bayer Schering Pharma. Trata-se de uma terapia celular contra o mal de Parkinson. Ela consiste no implante de microcápsulas no cérebro por meio de neurocirurgia. Estas microcápsulas contêm células humanas multiplicadas em laboratório que, quando implantadas no cérebro, liberam gradativamente doses de dopamina na região afetada pela doença. No Parkinson, há uma produção deficiente de dopamina. A medicação promete fornecer uma fonte contínua da substância, aliviando os sintomas. Nessa mesma linha de remédios cada vez mais eficazes e ‘inteligentes’ estão surgindo opções que atuam somente quando é necessário. É o contrário daqueles que permanecem mais tempo no organismo, como no caso da esquizofrenia. Eles entram em ação no momento certo, quando realmente é preciso haver uma intervenção. Em doenças como a diabete, na qual picos ou quedas de glicose podem ser extremamente perigosos, este tipo de ação se encaixa perfeitamente. Recém-lançado no País, o Byetta, do laboratório Eli Lilly, age dessa maneira. A medicação funciona quando o paciente se alimenta e o açúcar no sangue se eleva. Mas, quando a taxa de glicose volta aos níveis normais, ela pára de atuar. Outro que também tem ação no tempo que se deseja é a vacina meningocócica conjugada grupo C, produzida pela Baxter e comercializada por aqui com o nome de Neisvac C. De acordo com o fabricante, a vacina apresenta uma alta resposta imunológica já na primeira dose. E, após a aplicação de duas doses, a resposta em produção de anticorpos é até quatro vezes maior do que em relação às outras vacinas. Na verdade, o que se observa hoje é que as drogas têm agido cada vez mais precisamente sobre os alvos realmente importantes. A vantagem é que, dessa maneira, elas potencializam sua ação e poupam os tecidos sadios. Muitas destas drogas mais precisas podem ser vistas no tratamento do câncer, no qual o que se quer é matar apenas a célula doente. Entre as medicações do gênero recém-lançadas estão o Tykerb, da Glaxo Smith-Kline, para tumor de mama. E está para chegar o Tasigna, da Novartis, para leucemia mielóide crônica. Contra o tabagismo, a opção mais moderna é o Champix, da Pfizer, que atua especificamente no local onde a nicotina age no cérebro. Por causa disso, a medicação diminui a vontade de fumar e a crise de abstinência associada à cessação do tabagismo.
TecnologiaPara que remédios como esses sejam produzidos, há uma impressionante tecnologia por trás. Uma das mais utilizadas é a que recombina o DNA. A vacina Gardasil, da Merck Sharp & Dhome, contra o vírus HPV, causador do câncer de colo de útero, foi feita com o método. Com a engenharia genética, usou-se apenas uma proteína, da capa do vírus, que não contém o DNA do microorganismo, tornando a vacina segura. Outro exemplo feito a partir da técnica é o Enbrel, da Wyeth, indicado no tratamento de diversas doenças inflamatórias. “A biologia molecular permitiu a fusão de duas proteínas que atuam na regulação da ação pró-inflamatória do agente causador da artrite reumatóide e da psoríase”, explicou Robson Lima, gerente médico do laboratório. Forma de atuação parecida tem o Remicade, distribuído no Brasil pela Mantecorp. O remédio é um tipo de proteína que reconhece, conecta-se e bloqueia a ação do TNF, substância importante no processo inflamatório de doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide. Como se vê, nos laboratórios há uma efervescência em busca das melhores soluções. Na Roche, uma das líderes mundiais na área de medicamentos biológicos, o ano de 2008 iniciou- se com 27 estudos em andamento e outros sete em planejamento só na divisão de pesquisa internacional. Todo o empenho leva também à produção de remédios mais personalizados. Eles ficarão cada vez mais acessíveis a partir dos conhecimentos resultantes da farmacogenética, área da ciência que estuda a variabilidade da resposta a drogas decorrente da varivariação genética. “Ela permite entender as diferenças entre as pessoas e os subtipos de doenças, o que pode ser importante para o sucesso do tratamento”, afirma Klaus Lindpaintner, diretor mundial de farmacogenética da Roche. Segundo ele, um dos exemplos de medicação do gênero é o Herceptin, contra o câncer de mama. Descobriu-se que cerca de um terço desses tumores são malignos devido a uma modificação genética das células tumorais, que leva à fabricação excessiva do hormônio Her2, diz o cientista. “Essas informações possibilitaram uma nova forma de tratamento: um anticorpo presente no Herceptin que elimina esse efeito do Her2”, explica. Fonte: Isto É

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