Rio - O pó de guaraná e a catuaba perderam a vez. Homens com disfunção erétil — e até mesmo os curiosos — já não escondem o uso de medicamentos contra a disfunção erétil. O crescimento do mercado tem uma face perigosa: a falsificação. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os medicamentos contra impotência sexual são hoje os principais alvos de falsificação no País. Das 20 apreensões de medicamentos falsos realizadas pela agência nos últimos três anos, 15 foram de Viagra, Cialis e Levitra falsificados. O número vem crescendo anualmente.
Esse ano, já foram apreendidos três lotes de falso Cialis e um de Viagra. Em uma das apreensões, realizada em abril, os fiscais da agência e da Polícia Federal apreenderam quase duas toneladas de medicamentos falsificados, principalmente em lojas de variedades, em Manaus. “A quantidade de produtos apreendidos foi tão grande que foram necessários um microônibus e 20 caminhonetes para transportar tudo”, afirmou o chefe da Assessoria de Segurança Institucional da Anvisa, Adilson Bezerra.
A agênda diz que o consumidor precisa ter três cuidados importantes antes de comprar medicamentos. O primeiro é adquirir o produto em farmácias e drogarias que tenham o alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária, o que geralmente é exposto no estabelecimento. A segunda recomendação é conferir o número do registro do produto na Anvisa: todo medicamento necessita ter desse código, que começa com o algarismo 1.
Ainda segundo a Anvisa, toda embalagem de medicamento tem uma área indicada para ser raspada. Basta esfregar a região com metal, que aparecerá a palavra ‘qualidade’ e o nome do laboratório. “Nas embalagens falsificadas, isso não ocorre” exemplifica o diretor médico da Pfizer, produtor do Viagra, João Fittipaldi.
Produto pirata pode piorar a disfunção erétil
O risco de usar um medicamento contra disfunção erétil falsificado não se resume a uma ereção insatisfatória. “O primeiro risco é não saber o que existe naquele comprimido. Provavelmente, esse produto falsificado não vai fazer o benefício que o paciente espera. Mas pode trazer risco, fazer mal”, diz o diretor médico da Pfizer, João Fittipaldi. “O uso de medicamento contra disfunção erétil falsificado pode acentuar ainda mais o problema porque ele não vai ter efeito e isso pode diminuir a confiança do paciente, o que prejudicará ainda mais a ereção”, acrescenta.
Além da área para ser raspada, a Pfizer adicionou um selo na embalagem do Viagra, que tem fundo e logotipo do laboratório em azul marinho para dificultar falsificações. O selo é trocado a cada dois anos.
Segundo Oswaldo Berg, do setor de disfunções sexuais masculinas do Hospital da Lagoa, há risco de o médico trocar a medicação do paciente devido ao relato de que o remédio não está fazendo efeito. “Pode fazer com que o médico prescreva, por exemplo, injeções.”
Diretor de marketing da Eli Lilly, que faz o Cialis, Antonio Alas diz que grande parte das falsificações é produzida na Índia e China. “Geralmente, entram no Brasil pelo Paraguai. Eles são uma ameaça. Não há, por exemplo, cuidado com salubridade”, diz. A Anvisa recebe denúncias de suspeita de falsificação pelo 0800 611997. (O dia Online)
quinta-feira, 5 de junho de 2008
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